Como as hortas urbanas estão redefinindo a segurança alimentar nas cidades globais

Introdução

Nas cidades, onde a vida acontece num ritmo acelerado e a paisagem é dominada por concreto, a segurança alimentar muitas vezes parece algo distante. No entanto, garantir que todas as pessoas tenham acesso regular, suficiente e nutritivo aos alimentos é um desafio cada vez mais urbano. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), segurança alimentar vai além da quantidade de alimentos disponíveis — envolve também acessibilidade, estabilidade e o direito a escolhas alimentares culturalmente apropriadas.

Com o avanço das mudanças climáticas, o crescimento das populações urbanas e o aumento da desigualdade social, esse desafio só se intensifica. Eventos extremos, como enchentes e secas, afetam as cadeias de abastecimento. Ao mesmo tempo, a expansão das cidades pressiona os sistemas alimentares, tornando alimentos frescos mais caros ou inacessíveis em muitas regiões periféricas. A dependência de longas cadeias logísticas e a concentração da produção agrícola em áreas distantes também expõem as cidades a vulnerabilidades.

Diante desse cenário, hortas urbanas surgem como respostas práticas e simbólicas. Mais do que produzir vegetais e frutas, elas criam espaços de resistência e resiliência. Em bairros densamente povoados de Manila, nos telhados de escolas em São Paulo, ou em terrenos baldios transformados em Detroit, comunidades estão cultivando não apenas alimentos, mas também autonomia, saúde e vínculos sociais.

Este artigo explora como essas hortas estão, de fato, redefinindo o papel das cidades na segurança alimentar. Vamos conhecer experiências diversas e analisar como o cultivo local pode influenciar políticas, práticas e hábitos em diferentes partes do mundo.

O que é segurança alimentar e por que ela importa nas cidades?

Segurança alimentar é um conceito que vai além da simples presença de comida nas prateleiras. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), existe segurança alimentar quando todas as pessoas, em todos os momentos, têm acesso físico, social e económico a alimentos suficientes, seguros e nutritivos para atender às suas necessidades alimentares e preferências culturais para uma vida ativa e saudável1.

Nas cidades, esse princípio enfrenta diversos obstáculos. Um dos principais é a distância entre produção e consumo. A maioria dos alimentos consumidos nos centros urbanos percorre longas cadeias de abastecimento, muitas vezes atravessando países ou continentes até chegar ao prato. Essa logística não só contribui para as emissões de carbono, mas também aumenta os custos e a vulnerabilidade do sistema — basta uma greve de transportes, uma pandemia ou um evento climático extremo para que os fluxos alimentares sejam interrompidos.

Além disso, a alta dependência de supermercados e grandes redes varejistas tende a limitar a diversidade de alimentos disponíveis, padronizando ofertas e reduzindo o espaço para produções locais e culturas alimentares diversas. Em bairros marginalizados ou periféricos, o acesso físico e económico a alimentos frescos é ainda mais limitado. Surgem então os chamados “desertos alimentares” — zonas urbanas onde há escassez de opções saudáveis e acessíveis, enquanto o acesso a produtos ultraprocessados é abundante.

A urbanização acelerada agrava esse cenário. O crescimento desordenado das cidades consome áreas agricultáveis, aumenta a pressão por habitação e infraestrutura, e afasta as comunidades dos meios de produção alimentar. Ao mesmo tempo, a desigualdade urbana deixa uma parte significativa da população sem condições adequadas de alimentação, o que impacta diretamente na saúde pública, no desenvolvimento infantil e na qualidade de vida.

Reconhecer a centralidade da segurança alimentar no planeamento urbano é um passo essencial para construir cidades mais justas, resilientes e sustentáveis. E é aqui que as hortas urbanas começam a ganhar força, não apenas como alternativa produtiva, mas como proposta social, ecológica e política.

Hortas urbanas: conceito, história e evolução

As hortas urbanas não são uma novidade. Cultivar alimentos dentro das cidades é uma prática que acompanha a história da urbanização em várias culturas ao redor do mundo. Desde os quintais nas medinas do Magrebe até os jardins suspensos de Tenochtitlán, formas de agricultura em espaços urbanos ou periurbanos sempre estiveram presentes como formas de garantir subsistência, fortalecer laços comunitários e valorizar o conhecimento local.

No entanto, a agricultura urbana começou a ganhar nova dimensão a partir do século XX, principalmente em contextos de crise. Durante as duas guerras mundiais, países como o Reino Unido e os EUA incentivaram os chamados “Victory Gardens” — hortas em quintais, escolas e praças — como estratégia para reduzir a pressão sobre o sistema alimentar. Em tempos mais recentes, esse impulso ressurgiu com novas linguagens e movimentos, como a permacultura, que defende o cultivo regenerativo e o design sustentável integrado ao ambiente urbano.

Três cidades ilustram bem o papel das hortas urbanas como práticas resilientes:

Havana (Cuba) implementou, nos anos 1990, uma extensa rede de hortas urbanas — os organopónicos — em resposta ao colapso económico do chamado “Período Especial”. Até hoje, esses espaços contribuem de forma significativa para o abastecimento alimentar local, com apoio estatal e envolvimento comunitário.

Detroit (EUA), após o declínio da indústria automobilística, viu o surgimento de centenas de hortas e fazendas urbanas em terrenos abandonados. A cidade transformou crise económica em oportunidade para reconstrução comunitária, autonomia alimentar e reconexão com a terra.

Nairobi (Quénia), onde hortas verticais e jardins em sacos (sack gardens) são usados em áreas informais e favelas como alternativa acessível de produção de alimentos, especialmente por mulheres e jovens. Essas práticas respondem à insegurança alimentar e à escassez de espaço com inovação local.

Dentro do universo da agricultura urbana, há diferentes formas e arranjos de hortas:

Hortas comunitárias: geridas coletivamente por moradores de um bairro ou organização local. Promovem encontros, partilha de saberes e inclusão social.

Hortas escolares: integram o processo pedagógico, promovendo educação ambiental, nutricional e cidadã. Usadas em diversas regiões, da Índia ao Brasil, como ferramentas de transformação social.

Hortas privadas: instaladas em casas, varandas, telhados ou pequenos quintais. Conectam indivíduos com a produção de alimentos e podem reforçar a autonomia alimentar doméstica.

Hortas institucionais: implantadas em empresas, hospitais, universidades ou centros culturais. Conjugam sustentabilidade, bem-estar e educação ambiental.

Essas formas coexistem e respondem a diferentes necessidades locais. Juntas, elas compõem uma paisagem de resistência e inovação que desafia a ideia de que comida só se produz longe das cidades.

Casos globais: como diferentes cidades usam hortas urbanas para fortalecer a segurança alimentar

Ao redor do mundo, cidades com contextos sociais, económicos e climáticos diversos têm recorrido às hortas urbanas como estratégia prática para melhorar a segurança alimentar e a qualidade de vida. Estes exemplos mostram como soluções locais podem gerar impactos estruturais quando articuladas com políticas públicas, inovação social e participação comunitária.

Detroit (EUA): do colapso industrial ao renascimento verde

Com a falência da indústria automobilística e o êxodo populacional, Detroit tornou-se símbolo de colapso urbano. A cidade enfrentou desemprego massivo e degradação social. Em resposta, comunidades locais começaram a ocupar terrenos abandonados para cultivar alimentos. Hoje, Detroit abriga mais de 1.500 hortas e fazendas urbanas, muitas geridas por organizações negras e lideranças femininas. Estes espaços oferecem alimentos frescos, formação profissional, atividades educativas e criam redes de apoio entre vizinhos, ajudando a reconstruir a cidade de baixo para cima1.

Havana (Cuba): agricultura urbana como política pública durante o “Período Especial”

Após o fim da União Soviética, Cuba enfrentou uma profunda crise económica, conhecida como “Período Especial”. Com escassez de combustível e fertilizantes, o governo cubano passou a incentivar a agricultura urbana. Surgiram os organopónicos — hortas que combinam práticas agroecológicas com produção em pequena escala. Apoiado por políticas públicas, esse modelo garantiu abastecimento local, emprego e acesso a alimentos frescos nas cidades. Até hoje, Havana é referência mundial em agricultura urbana integrada ao planeamento urbano e à saúde pública2.

Kampala (Uganda): hortas nas periferias e favelas urbanas

Em Kampala, capital de Uganda, onde a insegurança alimentar afeta grande parte da população urbana, muitas famílias cultivam hortas em terrenos baldios, margens de estradas ou mesmo dentro de casa. Os sack gardens (hortas em sacos) são uma técnica comum, ideal para espaços reduzidos e baixo custo. Organizações locais e internacionais têm apoiado estas práticas com formações e microcréditos, promovendo o envolvimento de mulheres e jovens. As hortas têm ajudado a diversificar as dietas e gerar pequenas rendas, reforçando a resiliência em contextos de pobreza3.

Belo Horizonte (Brasil): hortas comunitárias e políticas públicas de alimentação

Reconhecida mundialmente por sua política de segurança alimentar, Belo Horizonte tem integrado hortas comunitárias a uma abordagem mais ampla que inclui mercados populares, restaurantes populares e educação nutricional. As hortas são parte do Programa Municipal de Agricultura Urbana e Periurbana, que oferece apoio técnico, insumos e acesso a terrenos públicos. Além de fornecer alimentos, essas iniciativas fortalecem vínculos comunitários, oferecem oficinas educativas e ampliam o acesso à alimentação saudável em zonas urbanas marginalizadas4.

Xangai (China): hortas nos telhados como solução para poluição e escassez de espaço

Com mais de 24 milhões de habitantes e forte pressão urbana, Xangai enfrenta desafios relacionados à poluição do ar e à escassez de terrenos livres. Como resposta, diversas iniciativas vêm transformando telhados de edifícios residenciais e comerciais em hortas. Além de produzirem alimentos, essas hortas ajudam a regular a temperatura dos prédios, reduzir a poluição do ar e promover o envolvimento dos moradores. Algumas escolas e empresas também têm adotado esses modelos como parte de estratégias de educação ambiental e bem-estar no trabalho5.

Estes exemplos mostram que, apesar das diferenças culturais e estruturais, as hortas urbanas têm um papel comum: fortalecer a soberania alimentar, criar espaços de inclusão e tornar as cidades mais habitáveis e justas.

Dimensões de impacto: muito além da produção de alimentos

As hortas urbanas não se limitam à produção de alimentos — elas operam como verdadeiros catalisadores de transformação social, ambiental e educativa. Seu impacto é transversal, abrangendo desde a saúde pública até a promoção de justiça social e climática. Vamos explorar essas múltiplas dimensões.

Inclusão social: trabalho, educação alimentar e empoderamento

Hortas urbanas criam oportunidades concretas para grupos frequentemente excluídos do mercado de trabalho formal. Mulheres, migrantes, idosos e jovens em situação de vulnerabilidade encontram nesses espaços formas de geração de renda, capacitação e participação activa nas decisões locais. Iniciativas como o Mazingira Institute em Nairobi e o Hortas Cariocas no Rio de Janeiro demonstram que, quando bem geridas, essas hortas podem fortalecer redes comunitárias e promover o empoderamento colectivo por meio da agricultura urbana.

Além disso, cultivá-las promove uma reconexão com os alimentos e com os ciclos da natureza, algo cada vez mais raro em contextos urbanos densamente povoados. Ao envolver a comunidade em todas as etapas — do plantio à colheita — surgem espaços de troca, diálogo e solidariedade.

Saúde pública: alimentação mais fresca, menos doenças

O acesso facilitado a frutas, hortaliças e ervas frescas tem impactos diretos na saúde. Em bairros onde hortas urbanas se tornaram pontos de distribuição alimentar, observou-se redução nos índices de desnutrição infantil e melhora nos indicadores de obesidade e doenças crónicas ligadas à alimentação. Cidades como Belo Horizonte e Filadélfia têm usado hortas comunitárias como aliadas nas suas estratégias de saúde pública, ligando alimentação, nutrição e bem-estar.

Ao promover dietas mais frescas e naturais, essas hortas desafiam a lógica dos alimentos ultraprocessados, que dominam os supermercados e afetam desproporcionalmente comunidades de baixa renda.

Sustentabilidade: resíduos e clima no centro da agenda

A agricultura urbana contribui para tornar as cidades mais sustentáveis em vários níveis. Muitas hortas utilizam compostagem de resíduos orgânicos domésticos ou institucionais, reduzindo o volume de lixo enviado a aterros e evitando emissões de metano. Além disso, ao encurtar a cadeia de abastecimento, há uma redução significativa na pegada de carbono associada ao transporte de alimentos.

Sistemas integrados de produção — como telhados verdes, captação de água da chuva e hortas verticais — ajudam a mitigar os efeitos das ilhas de calor urbano e favorecem a biodiversidade, mesmo em pequenos espaços.

Educação: justiça alimentar desde a infância

Hortas escolares e pedagógicas têm ganhado destaque como espaços de aprendizagem crítica. Elas permitem que crianças e jovens compreendam de forma prática o ciclo do alimento, os impactos das escolhas alimentares e as desigualdades presentes no sistema alimentar. Países como Austrália, Índia e África do Sul têm integrado hortas aos currículos escolares como ferramenta de educação para a cidadania e justiça alimentar.

Além da prática agrícola, esses espaços incentivam discussões sobre território, cultura alimentar, autonomia e interdependência, transformando o ambiente escolar num lugar de vivência ecológica e ética.

Barreiras e desigualdades no acesso às hortas urbanas

Embora as hortas urbanas ofereçam múltiplos benefícios, o acesso a esses espaços nem sempre é equitativo. Desafios estruturais e sociais limitam quem pode participar e usufruir dos frutos dessas iniciativas, criando tensões e desigualdades que precisam ser abordadas para que o potencial das hortas seja plenamente realizado.

Gentrificação verde e acesso desigual ao espaço urbano

Um fenômeno crescente em muitas cidades é a chamada “gentrificação verde”. Áreas antes marginalizadas ou degradadas começam a receber investimentos para melhorias ambientais, incluindo hortas urbanas, parques e jardins comunitários. Embora essas iniciativas melhorem a qualidade de vida local, podem atrair novos moradores com maior poder aquisitivo, elevando preços e expulsando populações tradicionais.

Assim, o que parecia ser uma solução para a insegurança alimentar pode, paradoxalmente, excluir justamente quem mais precisa. Esse efeito já foi observado em bairros de Berlim, Toronto e São Francisco, onde a valorização imobiliária causada por intervenções verdes pressiona a permanência dos moradores originais.

Falta de apoio institucional ou políticas públicas

Muitas hortas urbanas surgem a partir de iniciativas comunitárias informais, enfrentando a ausência de apoio oficial. Sem políticas públicas claras, essas hortas ficam vulneráveis a desocupações, falta de recursos e insegurança jurídica. A ausência de programas municipais ou estaduais específicos para agricultura urbana dificulta a expansão e o fortalecimento dessas práticas.

Por outro lado, cidades que investem em políticas integradas, como Belo Horizonte (Brasil) e Havana (Cuba), demonstram que o apoio institucional pode ser decisivo para garantir espaço, insumos e formação técnica, ampliando o alcance e o impacto social das hortas.

Disputas por terra e ausência de regulamentação clara

O espaço urbano é escasso e disputado. Terrenos vagos, áreas públicas ou particulares podem ser objeto de conflitos entre moradores, proprietários, empreendedores e o poder público. A falta de regulamentação clara sobre uso da terra para agricultura urbana cria insegurança para quem planta e dificulta a sustentabilidade dos projetos.

Em muitas cidades da América Latina, África e Ásia, onde a urbanização acontece de forma acelerada e informal, a pressão por terra é ainda maior. Soluções criativas, como hortas em espaços temporários, jardins verticais e parcerias público-comunitárias, têm sido adotadas para contornar esses obstáculos, mas dependem de reconhecimento jurídico e diálogo constante.

Para que as hortas urbanas sejam instrumentos de justiça alimentar e social, é fundamental que as políticas públicas incorporem medidas para garantir acesso justo, segurança para as iniciativas comunitárias e proteção contra processos de exclusão.

Caminhos possíveis e políticas públicas inclusivas

Para que as hortas urbanas cumpram todo o seu potencial como ferramentas de segurança alimentar, inclusão social e sustentabilidade, é preciso que sejam apoiadas por políticas públicas sólidas, inclusivas e adaptadas à diversidade das cidades globais. A seguir, exemplos e modelos que apontam caminhos para essa construção.

Exemplos de políticas municipais de apoio

Algumas cidades têm mostrado avanços significativos ao incluir a agricultura urbana em suas agendas oficiais. Em Toronto (Canadá), por exemplo, o município lançou planos estratégicos que facilitam o acesso a terrenos públicos para hortas comunitárias, oferecem incentivos técnicos e regulatórios, e promovem eventos para fortalecer a rede local de produtores urbanos1.

Na Cidade do Cabo (África do Sul), a política de agricultura urbana integra segurança alimentar, geração de emprego e gestão ambiental. O governo apoia projetos de hortas em comunidades vulneráveis e capacita moradores em técnicas agroecológicas, visando também a redução da pobreza e a construção de resiliência frente às mudanças climáticas2.

Já em Medellín (Colômbia), a gestão municipal incorporou a agricultura urbana em planos de desenvolvimento sustentável, estimulando parcerias público-privadas e projetos de hortas escolares e comunitárias. A cidade também promove a inclusão social através de programas que envolvem populações marginalizadas, como jovens em situação de vulnerabilidade social3.

Modelos de gestão participativa e parcerias

A gestão colaborativa entre governo, organizações não governamentais e comunidades é essencial para o sucesso e longevidade das hortas urbanas. Modelos participativos garantem que as decisões atendam às necessidades reais dos moradores e promovam o protagonismo local.

Parcerias intersetoriais fortalecem recursos técnicos, financeiros e sociais. Por exemplo, ONGs podem oferecer formação, enquanto o poder público facilita o acesso a terrenos e infraestrutura, e as comunidades garantem a mobilização e manutenção dos espaços. Esses arranjos também possibilitam a troca de saberes tradicionais e inovação tecnológica, ampliando o impacto social e ambiental.

Integração com currículos escolares, assistência social e sistemas de saúde

Para ampliar o alcance das hortas urbanas, a integração com outras políticas públicas é fundamental. Nas escolas, hortas pedagógicas podem ser incorporadas aos currículos para desenvolver competências socioemocionais, consciência ambiental e hábitos alimentares saudáveis desde cedo.

Além disso, hortas comunitárias ligadas a programas de assistência social oferecem alimentos frescos para famílias em situação de vulnerabilidade, complementando políticas de combate à fome e desnutrição.

No campo da saúde pública, parcerias com hospitais e centros de atenção primária permitem que hortas produzam alimentos usados em dietas específicas, promovam terapias ocupacionais e sensibilizem pacientes sobre a relação entre alimentação e bem-estar.

Esse conjunto integrado de políticas e práticas mostra que, para transformar cidades em espaços de segurança alimentar e justiça social, as hortas urbanas precisam ser vistas como parte de sistemas urbanos complexos e interconectados.

Conclusão

As hortas urbanas vão muito além do cultivo de alimentos: são espaços de autonomia, inclusão social e sustentabilidade ambiental que têm o poder de transformar as cidades. Ao conectar comunidades, promover o acesso a alimentos frescos e frescura, e incentivar práticas sustentáveis, essas iniciativas reforçam a segurança alimentar e ampliam a qualidade de vida urbana.

Quando incorporadas ao planejamento urbano de forma integrada — considerando desde políticas públicas até participação comunitária — as hortas urbanas tornam-se peças-chave para enfrentar desafios como a desigualdade, a crise climática e a saúde pública. Elas ajudam a construir cidades mais justas, resilientes e humanas.

Cada pessoa pode contribuir para esse movimento, seja começando uma horta no quintal, no terraço, em espaços comunitários ou escolares; apoiando projetos locais; ou promovendo a inclusão desses temas em políticas públicas e educacionais. Pequenos passos podem gerar impactos grandes, pois as hortas urbanas crescem e florescem justamente a partir do envolvimento e cuidado coletivo.

É um convite para cultivar não só alimentos, mas também relações, conhecimentos e um futuro mais sustentável para todos.

Emma Bellini

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